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A ENERGIA QUE VEM DO LIXO

Em pleno século 21 é inconcebível que o crescente volume de lixo gerado nos municípios brasileiros seja tratado como há décadas atrás.

WTE Copenhagen

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), ou lixo urbano, possuem diversas propriedades e possibilidades de reversão de ciclo para reciclagem, reuso ou até mesmo transformação em energia, e os mesmos podem ser classificados como:

  • Domésticos: papéis, jornais, restos de alimentos, tecidos, madeiras, restos de plantas, etc.;
  • Comerciais: resíduos de cozinha e papéis, embalagens de madeira e papelão, etc.;
  • Públicos: varrição de áreas públicas e os detritos da desobstrução de rios, canais e galerias, deslizamentos de encostas, além de animais mortos e despejos domésticos.

Segundo estatísticas do IBGE, aproximadamente 73% dos municípios brasileiros possuem até 20.000 habitantes, e destes municípios:

  • 72% ainda destinam seus resíduos aos Lixões;
  • 15% aos Aterros Controlados; e
  • Apenas 13% aos Aterros Sanitários.

A realidade brasileira no contexto “Destinação do Lixo” é basicamente o envio aos aterros, entretanto poucas pessoas pensam no destino do lixo como realmente se deveria, e como esta valiosa fonte de matéria prima pode gerar recursos energéticos e financeiros sem prejudicar o meio ambiente. Um processo amplamente utilizado nos países desenvolvidos para dar uma solução ambientalmente correta ao lixo que não pode ser reciclado ou reaproveitado é o processo de Incineração para Geração de Energia, também conhecido por Waste-to-Energy. O processo consiste basicamente na queima de resíduos a altas temperaturas em instalações apropriadas, para geração de energia térmica e energia elétrica. As cinzas – subproduto do processo e oriundas da queima que já não possuem mais características de quaisquer resíduos – podem ser destinadas a usinas de asfalto, cimento, construção civil, dentre diversas outras aplicações. Atualmente existem no mundo aproximadamente 650 usinas que queimam o lixo para transformá-lo em energia, com equipamentos de alta tecnologia e sistemas antipoluição construídos sob os mais rigorosos critérios científicos e de legislações ambientais na Europa, Estados Unidos e Japão. A análise crítica que deve ser feita por todos sobre o problema do lixo, e especialmente pelas autoridades públicas, é: “Por quanto tempo ainda o lixo será simplesmente “enterrado” em aterros pelo Brasil afora, se em outros países este mesmo lixo gera empregos, renda, recursos materiais, energia e especialmente deixa de poluir o meio ambiente?” Existem diversas soluções tecnológicas para o tratamento do lixo ao redor do mundo, mas tais ações devem necessariamente envolver iniciativa e vontade de fazer das prefeituras, governantes, empresas, ONG’s e da sociedade, para que o lixo esteja na rota da SUSTENTABILIDADE.

Benyamin Parham Fard Engenheiro Especialista em Gestão da Sustentabilidade

publicado no jornal FOLHASC em 09/10/2010