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A INOVAÇÃO NO DNA DAS EMPRESAS

Na última semana, em conversa com um colega especialista e gestor de inovação de uma grande multinacional catarinense, nos questionávamos acerca de estratégias para fazer com que a inovação esteja de fato presente no DNA das empresas, como uma constante para seu desenvolvimento sustentável.

Quando nos deparamos com indicadores alarmantes como o “Custo Brasil”, a “baixa produtividade média do trabalhador brasileiro”, ou mesmo a “crise que assola o país”, é impossível que nós – empreendedores – não busquemos imediatamente alternativas que visem aumentar a produtividade e competitividade de nossas empresas como forma de ajudar a manter toda a economia ativa.

Uma das apostas mais assertivas para que todos estes obstáculos se revertam em oportunidades é o investimento em inovação (que não necessariamente é a inovação tecnológica, mas também a inovação em processos e produtos, aberta ou fechada, de forma incremental ou mesmo radical).

E não se trata somente do investimento financeiro – haja visto que para isto existem diversas linhas de fomento em nível federal e estadual -, mas sim do investimento em gestão e governança, que é crucial para o sucesso deste complexo e frutífero processo.

Para que a tão cobiçada inovação se instale de vez na empresa é fundamental que sua filosofia faça parte da estratégia e do core business, e seja perene nos diversos níveis executivos da empresa (operacional, tático e estratégico).

A inovação deve ser encarada como uma forma de fazer diferente, melhor, mais simples e mais acessível, através de melhoria contínua, com foco em resultados e crescimento, em remuneração de capital, mas também na geração e manutenção de bons empregos e renda, ou seja, a inovação deve ser percebida pelos gestores como a alternativa para garantir a sustentabilidade econômica da empresa.

E é nas empresas que está a chave mestra para o “deslanchar” deste grande movimento pela inovação em Santa Catarina, pois são especialmente os negócios que geram as demandas às quais as inovações são aplicadas, tendo o subsequente envolvimento sinérgico das universidades e dos poderes públicos, como os elos de apoio que compõe a tríplice hélice conceitual dos ecossistemas de inovação.

Não me canso de repetir que o empreendedor brasileiro é um herói, e deve ser considerado como tal, pois não é nem um pouco fácil empreender nestas terras, entretanto quando o quesito é persistência e criatividade nossos empreendedores certamente estão dentre os campeões mundiais, e muito por isso tenho certeza de que também poderemos ser campeões no quesito inovação nas nossas empresas se nos empenharmos, especialmente em função da diversidade cultural que possuímos, e pelos desafios que nos são impostos dia após dia.

Se efetivamente quisermos assegurar o desenvolvimento econômico sustentável de nossas empresas, devemos buscar inserir a inovação no DNA de nossas empresas, não somente na sua estratégia, mas também nas ações cotidianas, permitindo que novas e melhores formas de atender nossos clientes surjam a partir de todos os níveis da empresa bem como de seus stakeholders, seja através dos colaboradores, dos fornecedores, dos clientes, ou da sociedade.

Quão melhor seja a percepção do empreendedor das necessidades do mercado e a flexibilidade em inovar em seus negócios, maior a tendência da escalabilidade de suas soluções e maiores suas chances de assegurar nichos de mercado, bem como garantir lucratividade sustentada.

Benyamin Parham Fard
Empreendedor e Engenheiro
Especialista em Gestão da Sustentabilidade

publicado no jornal A NOTÍCIA em 14/07/2015

SUSTENTABILIDADE DISRUPTIVA

O termo “disruptivo” é aplicado há várias décadas quando da referência à inovação, em especial quando uma nova tecnologia, produto ou serviço vem ao mercado para derrubar uma tecnologia dominante, e revolucionar o status quo.

Entretanto, a ligação desta inovação revolucionaria com a sustentabilidade – apesar de soarem como temas desconexos num primeiro momento – tem disruptive_innovationtotal sentido, pois basta observarmos o modus operandi de desenvolvimento da sociedade global pós-revolução industrial, e perceberemos que o mesmo tem se demonstrado insustentável, especialmente ao longo das últimas três décadas com os diversos apelos globais e as diversas comprovações cientificas de esgotamento de alguns recursos naturais e extinção de espécies,  da exclusão social, dos riscos macro econômicos, e em especial o aquecimento global, evento cíclico na história do nosso planeta que tem sido comprovadamente acelerado pelas ações humanas.

Novos negócios borbulham ao redor do planeta nas mãos de jovens empreendedores das gerações Y e Z, especialmente na forma de start-ups e spin-offs, com grande apelo disruptivo à sustentabilidade, pois praticamente toda e qualquer solução voltada ao mercado da sustentabilidade possui escalabilidade global, com públicos alvos tremendamente inexplorados e ávidos pelo novo.

Estes mesmos jovens, engajados, já estão cansados do óbvio, do apelo sustentável para venda e pela venda, do green washing, e sabem das oportunidades de mercado inexplorados pelos gigantes econômicos, que por muitas vezes não possuem sua sensibilidade de mercado.

Estas novas oportunidades de negócios surgem sob a égide de novos mecanismos e métodos revolucionários – muito mais eficientes que os habituais – no uso do capital humano, ambiental e econômico.

Seja pelo uso de redes sociais para o voluntariado do bem (Social Good), seja pelas oportunidades de microfinanças idealizadas pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus, ouWater-Filtration-Straw mesmo pelo crowdfunding para a viabilização de purificadores de água portáteis para regiões do planeta carentes de saneamento, o engajamento pela sustentabilidade disruptiva dos novos empreendedores é nítida.

Aos jovens empreendedores o “fazer sentido” e “fazer parte” de algo revolucionário é imprescindível, e isto é percebido especialmente em apresentações para captação de investidores anjo (pitch’s), por exemplo, onde o termo “ajudar a mudar o mundo” acaba sendo a frase finalística destes empreendedores persuasivos.

A inovação desempenha (e ainda desempenhará) papel-chave na performance de novos empreendedores que almejam mudar o mundo, pois estes habitualmente colocam em xeque o status quo, ameaçando-o, e ao fazê-lo induzem o mundo a novas oportunidades.

E enganam-se aqueles que pensam que este é apenas um nicho de mercado, pois este verdadeiramente é “o mercado” do século 21, e nestes meus anos de experiência posso afirmar que, cada vez mais, produtos e serviços que não estejam alinhados com a sustentabilidade, e em especial que não estejam buscando nela a inovação disruptiva não terão escalabilidade global, estarão na contramão da decisão de compra coletiva, e estarão fadados a alguns poucos nichos dispersos.

Benyamin Parham Fard
Engenheiro Especialista em
Gestão da Sustentabilidade

publicado no jornal A NOTÍCIA em 21/04/2015