SUSTENTABILIDADE DISRUPTIVA

O termo “disruptivo” é aplicado há várias décadas quando da referência à inovação, em especial quando uma nova tecnologia, produto ou serviço vem ao mercado para derrubar uma tecnologia dominante, e revolucionar o status quo.

Entretanto, a ligação desta inovação revolucionaria com a sustentabilidade – apesar de soarem como temas desconexos num primeiro momento – tem disruptive_innovationtotal sentido, pois basta observarmos o modus operandi de desenvolvimento da sociedade global pós-revolução industrial, e perceberemos que o mesmo tem se demonstrado insustentável, especialmente ao longo das últimas três décadas com os diversos apelos globais e as diversas comprovações cientificas de esgotamento de alguns recursos naturais e extinção de espécies,  da exclusão social, dos riscos macro econômicos, e em especial o aquecimento global, evento cíclico na história do nosso planeta que tem sido comprovadamente acelerado pelas ações humanas.

Novos negócios borbulham ao redor do planeta nas mãos de jovens empreendedores das gerações Y e Z, especialmente na forma de start-ups e spin-offs, com grande apelo disruptivo à sustentabilidade, pois praticamente toda e qualquer solução voltada ao mercado da sustentabilidade possui escalabilidade global, com públicos alvos tremendamente inexplorados e ávidos pelo novo.

Estes mesmos jovens, engajados, já estão cansados do óbvio, do apelo sustentável para venda e pela venda, do green washing, e sabem das oportunidades de mercado inexplorados pelos gigantes econômicos, que por muitas vezes não possuem sua sensibilidade de mercado.

Estas novas oportunidades de negócios surgem sob a égide de novos mecanismos e métodos revolucionários – muito mais eficientes que os habituais – no uso do capital humano, ambiental e econômico.

Seja pelo uso de redes sociais para o voluntariado do bem (Social Good), seja pelas oportunidades de microfinanças idealizadas pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus, ouWater-Filtration-Straw mesmo pelo crowdfunding para a viabilização de purificadores de água portáteis para regiões do planeta carentes de saneamento, o engajamento pela sustentabilidade disruptiva dos novos empreendedores é nítida.

Aos jovens empreendedores o “fazer sentido” e “fazer parte” de algo revolucionário é imprescindível, e isto é percebido especialmente em apresentações para captação de investidores anjo (pitch’s), por exemplo, onde o termo “ajudar a mudar o mundo” acaba sendo a frase finalística destes empreendedores persuasivos.

A inovação desempenha (e ainda desempenhará) papel-chave na performance de novos empreendedores que almejam mudar o mundo, pois estes habitualmente colocam em xeque o status quo, ameaçando-o, e ao fazê-lo induzem o mundo a novas oportunidades.

E enganam-se aqueles que pensam que este é apenas um nicho de mercado, pois este verdadeiramente é “o mercado” do século 21, e nestes meus anos de experiência posso afirmar que, cada vez mais, produtos e serviços que não estejam alinhados com a sustentabilidade, e em especial que não estejam buscando nela a inovação disruptiva não terão escalabilidade global, estarão na contramão da decisão de compra coletiva, e estarão fadados a alguns poucos nichos dispersos.

Benyamin Parham Fard
Engenheiro Especialista em
Gestão da Sustentabilidade

publicado no jornal A NOTÍCIA em 21/04/2015

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