CONSUMO INTELIGENTE DE ENERGIA ELÉTRICA

publicado no jornal FOLHASC em 21/08/2010

É crescente o número de pessoas que tem se esforçado em tomar atitudes sustentáveis no seu dia-a-dia tais como a prática da coleta seletiva do lixo, o reuso de materiais, a reciclagem, mas será que não estamos esquecendo algo tão importante quanto estas boas praticas cotidianas? O que a grande maioria das pessoas não percebe é que muitas vezes pequenas ações podem reduzir em muito as despesas domésticas, além de serem atitudes ambientalmente sustentáveis, e é neste âmbito que se insere o consumo inteligente de energia, ou eficiência energética.

LED

A humanidade tem buscado superar a era da geração de energia baseada em combustíveis fósseis através de alternativas renováveis de energia, mas isto não acontece da noite para o dia.

O Brasil e é um belo exemplo deste modelo, com base em sua grande capacidade hídrica e na experiência de suas várias décadas em modelos de geração hidroelétrica.

A matriz energética brasileira é predominantemente renovável, ao contrário de outras ao redor do mundo, e muito ainda pode ser feito neste segmento em franca expansão, entretanto a maneira a qual cada cidadão faz uso da energia elétrica poderá ser determinante para os rumos do crescimento econômico, social e ambiental de todo nosso país.

Ações conscientes como a troca de lâmpadas incandescentes por eletrônicas (até 10 vezes mais vida útil e economizam até um terço de energia elétrica), a instalação de aquecedores solares (painéis fototérmicos), a aquisição de eletrodomésticos com melhor classificação de eficiência PROCEL ou ENERGY STAR (importados), ou mesmo a troca de motores elétricos antigos em equipamentos de operação continua por novos com alto rendimento, ajudam a reduzir drasticamente ($) a conta mensal de energia, bem como preservam o meio ambiente, além de gerar mais empregos e renda a diversos segmentos de mercado regional e nacional.

Em inúmeros casos, os investimentos nestas melhorias têm seu retorno financeiro a curto prazo, basta fazer as contas.

Talvez não pareça simples e possível num primeiro momento, mas ao buscar-se o consumo inteligente da energia elétrica, evita-se que, por exemplo, novas usinas termoelétricas a carvão mineral (combustível fóssil, não renovável) entrem em operação, diminuindo por conseqüência suas altíssimas emissões de gases de efeito estufa e contribuindo para a redução do aquecimento global.

De outro lado, seja em casa ou no trabalho, há ações e dicas de sensibilização (de cunho educativo) que também auxiliam na redução do consumo de energia, tais como:

  • Se não há ninguém no ambiente, as lâmpadas precisam mesmo estar ligadas? Pode-se fazer uso da luz natural, abrindo janelas, cortinas e persianas, deixando o sol entrar e iluminar o ambiente ao invés de acender lâmpadas?
  • O ar condicionado está corretamente dimensionado ao ambiente? As portas e janelas estão fechadas durante seu uso? Os filtros são regularmente limpos?
  • É mesmo preciso usar uma torneira elétrica nos dias quentes?
  • Não seria possível pendurar as roupas no varal em vez de usar a secadora?
  • Não é um descuido esquecer o carregador do celular ligado na tomada, gastando assim energia elétrica de forma desnecessária?
  • Tente desabilitar o “screensaver” de seu computador de mesa. O monitor ligado é responsável por até 80% do consumo do computador.
  • Se couber no orçamento, coloque nos seus planos trocar seu monitor comum por um de LCD ou LED. Eles são mais econômicos, ocupam menos espaço na mesa e estão ficando cada vez mais baratos.
  • Se houver possibilidade de escolha na compra, prefira um notebook. Ele consome menos energia que um computador tradicional.

De qualquer forma, é imprescindível que todos saibam da importância do uso consciente e inteligente da energia elétrica, a fim de evitarmos despesas financeiras desnecessárias, além de impactos indiretos ao meio ambiente… Isto é praticar SUSTENTABILIDADE.

Benyamin Parham Fard

Vice-Presidente de Meio Ambiente da ACIJS

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

publicado no jornal FOLHASC em 14/08/2010

Muito tem se falado atualmente sobre este tema de diferentes interpretações, mas a grande maioria das pessoas que o utilizam acaba por esquecer a real dimensão deste conceito.

Sustentabilidade

Amplamente debatido em 1987 pelo Relatório Brundtland ou Nosso Futuro Comum, o qual fora elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, sob a maestria da primeira-ministra da Noruega – Gro Harlem Brundtland – o tema Desenvolvimento Sustentável abrange segmentos que vão muito além do Meio Ambiente.

Na sua concepção, o Relatório Brundtland basicamente fundamentou-se em três pilares para o desenvolvimento sustentável: Econômico, Social e Ambiental.

Entretanto os pilares “econômico” e “social” são freqüentemente deixados de lado em função da grande pressão da opinião pública nos apelos pela preservação ambiental, o que notoriamente traz prejuízos ao equilíbrio de toda uma estrutura extremamente importante para o desenvolvimento de toda a humanidade.

Pensar em sustentabilidade é pensar também em atividades econômicas e nas pessoas envolvidas direta e indiretamente em seus processos, tendo-se em mente que o mesmo planeta terra em que vivemos, com seus recursos naturais finitos e restrições geográficas, é o planeta que irá abrigar uma população estimada em 10 bilhões de habitantes até o ano de 2050.

Como prover uma estrutura mínima de segurança alimentar, saúde, moradia, saneamento e mobilidade a toda esta população não é dever unilateral do poder público ao redor do mundo, mas também de todo cidadão global solidário com o modelo de desenvolvimento sustentável no qual, existem sim impactos ambientais, econômicos e sociais em sua trajetória, mas para os quais diversos profissionais ao redor do mundo buscam, incessantemente, a mitigação ou minimização de seus efeitos colaterais.

VOLUNTARIADO

O ser humano, dentre todos os seres vivos, é o único capaz de gerar impactos irreversíveis ao meio ambiente no espaço temporal que conhecemos, e isto é um fato.

Entretanto a sociedade deve deixar de lado a “demagogia ambiental” que permeia a mente dos leigos (e menos informados), e buscar o conhecimento através de fatos e versões para formar uma clara opinião sobre as vertentes do desenvolvimento da raça humana, o qual já nos impacta cotidianamente e que certamente irá impactar o futuro de nossos filhos e netos.

De nada vale ser contra a derrubada de florestas nativas, mas possuir em suas casas móveis fabricados a partir de madeira de origem ilícita ou duvidosa, bem como de nada vale ser contrário à instalação de uma indústria local, mas continuar comprando bens de consumo dos Chineses (ex.) transferindo assim ônus e bônus (leia-se empregos, recursos, problemas, etc.) a um outro continente.

Na língua inglesa utiliza-se o termo N.I.M.B.Y. (not in my back yard), ou seja, não no quintal da minha casa para descrever este fenômeno, e esta expressão simboliza muito bem a realidade em que vivemos, onde grande parte da sociedade “finge” que determinado problema (ambiental, social ou econômico) não existe quando distante, mas não o admite perto de seu quintal.

Deve sempre se ponderar sobre o desenvolvimento local, regional e global, e não fazer critica sem argumentos plausíveis ou sem alternativas e sugestões de ações realizáveis a curto, médio e longo prazo.

No momento em que a sociedade civil organizada se despir de pré-conceitos sobre temas que pouco conhece (ou que não faz questão de conhecer) e encará-los com seriedade, então realmente poder-se-á praticar o Desenvolvimento Sustentável.

Benyamin Parham Fard
Vice-Presidente de Meio Ambiente da ACIJS